Por que um grupo cada vez maior de políticos e intelectuais - entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - defende a legalização do consumo pessoal de maconha?
Fumar maconha em casa e na rua deveria ser legal? Legal no sentido de lícito e aceito socialmente, como álcool e tabaco? O debate sobre a legalização do uso pessoal da maconha não é novo. Mas mudaram seus defensores. Agora, não são hippies nem pop stars. São três ex-presidentes latino-americanos, de cabelos brancos e ex-professores universitários, que encabeçam uma comissão de 17 especialistas e personalidades: o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, 77 anos, e os economistas César Gaviria, da Colômbia, de 61 anos, e Ernesto Zedillo, do México, de 57 anos.
Eles propõem que a política mundial de drogas seja revista. Começando pela maconha. Fumada em cigarros, conhecidos como "baseados", ou inalada com cachimbos ou narguilés, a maconha é um entorpecente produzido a partir das plantas da espécie Cannabis sativa, cuja substância psicoativa - aquela que, na gíria, "dá barato" - se chama cientificamente tetraidrocanabinol, ou THC.
A sociedade precisa estar atenta aos argumentos que serão usados neste debate. Levemos em consideração que liberando o consumo da maconha, mais gente experimentaria a droga e em alguns casos, levaria à dependência.
Já se sabe que nem o policial nem o juiz - e provavelmente nem os pais - impedem um jovem de experimentar ou continuar a consumir drogas, legais ou ilegais. Se é utopia imaginar um mundo livre de drogas, também é ingênuo supor que o ser humano trate de questões polêmicas sem considerar seu aspecto moral.
Os indivíduos escolherão o "certo" e o "errado" de acordo com sua formação, educação ou religião. Hoje, é praticamente consenso que o usuário de qualquer droga, não apenas maconha, não deve ser tratado como criminoso. Acima de tudo, deve prevalecer a visão do filósofo inglês John Stuart Mill (1806-1873): "Sobre si e sobre o próprio corpo, o indivíduo é soberano".
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