O assunto do momento é o caso da menina Isabella. Não se trata de uma análise do ponto de vista da investigação: os acusados podem ou não ser culpados. Uma investigação rigorosa levará a identificação do(s) criminoso(s) e consequentemente a julgamento.
Do ponto de vista jornalístico, boa parte da imprensa comprou a versão que deu audiência, e, como normalmente sucede se baseou em suspeitas de delegados e investigadores. Cria-se a comoção pública; e, em seguida, como conseqüência da comoção, surge às cenas de jornalismo explícito, com multidões tentando agredir os suspeitos. Na briga pela audiência, o showrnalismo dominou o noticiário. Somos bombardeados com informações de que o rapaz acusado de matar a filha não se alimentou à noite, e também de que o repórter, sempre alerta e a postos, aguardava a informação a respeito do que ele teria comido no café da manhã. Também ficamos sabendo o tamanho da cela, e que ali não havia colchão. Será que tudo o que a imprensa noticia hoje é verdade? Não importa: noticiar não é transformar um crime em espetáculo.
Noticiar exige sobriedade; noticiar exige sempre desconfiar das informações das autoridades. As autoridades são inimigas naturais do jornalismo. E agora as autoridades descobriram que, para distorcer o noticiário à sua vontade, mais eficiente do que a censura policial é a aliança com alguns jornalistas, é o fornecimento a conta-gotas de informações e opiniões, é a disponibilidade para dar entrevistas onde quer que se acenda uma luzinha. É claro: se o que interessa é a “novidade”, e essa é fabricada industrialmente – a cada dia, hora ou minuto, o telespectador/leitor é induzido a abandonar qualquer reflexão crítica sobre determinado evento, para sempre se entregar à próxima notícia.
Por Jusci Costa
Do ponto de vista jornalístico, boa parte da imprensa comprou a versão que deu audiência, e, como normalmente sucede se baseou em suspeitas de delegados e investigadores. Cria-se a comoção pública; e, em seguida, como conseqüência da comoção, surge às cenas de jornalismo explícito, com multidões tentando agredir os suspeitos. Na briga pela audiência, o showrnalismo dominou o noticiário. Somos bombardeados com informações de que o rapaz acusado de matar a filha não se alimentou à noite, e também de que o repórter, sempre alerta e a postos, aguardava a informação a respeito do que ele teria comido no café da manhã. Também ficamos sabendo o tamanho da cela, e que ali não havia colchão. Será que tudo o que a imprensa noticia hoje é verdade? Não importa: noticiar não é transformar um crime em espetáculo.
Noticiar exige sobriedade; noticiar exige sempre desconfiar das informações das autoridades. As autoridades são inimigas naturais do jornalismo. E agora as autoridades descobriram que, para distorcer o noticiário à sua vontade, mais eficiente do que a censura policial é a aliança com alguns jornalistas, é o fornecimento a conta-gotas de informações e opiniões, é a disponibilidade para dar entrevistas onde quer que se acenda uma luzinha. É claro: se o que interessa é a “novidade”, e essa é fabricada industrialmente – a cada dia, hora ou minuto, o telespectador/leitor é induzido a abandonar qualquer reflexão crítica sobre determinado evento, para sempre se entregar à próxima notícia.
Por Jusci Costa
4 comentários:
Realmente hoje em dia se faz de tudo para ter audiencia não importa a que preço.O que vale é prender a atenção do telespectador.
A notícia se baseia em pura especulação. sem tomar os devidos cuidados correndo o risco de prejudicar alguem.
O pior Jusci é que as pessoas se deixam envolver emocionalmente com a noticia julgando e condenando como se fossem juízes ou Deus.
Esta matéria está perfeita. Acrescento a noticia dos pilotos da Legasy, alguém se recorda? Culparam e condenaram os pilotos pelo acidente aereo, quando na verdade nosso espaço aéreo é uma m.....
Estes fenômenos acontecem porque nós temos memória curta e nos deixamos influenciar por notícias realmente espetaculosas. Não paramos (nos falta tempo) para analisar o que há de verdade nas matérias.
Muito boa esta matéria.
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