quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A BOA NOVA DA DIGNIDADE HUMANA

Quando falamos de “Boa Nova” falamos sempre de Deus e da Sua Palavra. Tudo o que Deus fala é digno, bom e santo. Deus viu que tudo era bom: o céu, a terra, as estrelas, o mar, a arvore, o peixe, os animais, o dia e a noite.De todas as coisas criadas por Deus se sobressai a Pessoa Humana criada como própria imagem e semelhança do mesmo Deus. O homem e a mulher nascem com sua beleza, digna e sadia, das mãos daquele que, único, é digno de ser louvado e escutado; nascem como aqueles que falam com Deus; conhecem Sua vontade; põem em prática sua justiça e vivem mergulhados em Seu Amor.
É fácil entender que existe uma ruptura entre o plano de Deus e aquilo que os nossos olhos são constrangidos a ver no dia a dia através dos acontecimentos da vida pessoal de cada um de nós e a vida indigna que se processa em nossas praças e cidades.
Aonde foi o nosso amor, onde foi o Amor de Deus vivo em nossos corações, quando nos deparamos com crianças rejeitadas por seus pais já na sua concepção e, até, abandonadas nas ruas e vendidas pelos próprios pais e por aproveitadores? Descobrimos a verdade nos milhares de pronunciamentos de nossos políticos, nos programas de radio, revistas, jornais, televisão? Sentimos exaltada a beleza da pessoa humana quando nos defrontamos com drogados, bêbados, aidéticos com milhares de pessoas que vivem sujas e maltrapilhas nas ruas procurando comida nas lixeiras de nossas cidades?
Olhando em nossa volta constatamos que não é a dignidade a ser buscada hoje pelo ser humano e sim o poder, a riqueza, a aparência externa do nosso corpo, o jeito de conseguir, até de forma ilícita, bem estar, a satisfação de todas as vaidades que a vida nos oferece com seus modelos virtuais e enganadores. Quem diz não a vida diz não, também, ao amor.
É incrível como no mesmo tempo que existem grandes meios para formar a pessoa humana e ajudá-la a viver com dignidade, a dignidade humana parece desaparecer e se afasta de nossas vidas; se desfigura o corpo humano, se vive no degrado de famílias desfeitas, no mau cheiro de bêbados e drogados; com os doentes abandonados; com a busca da felicidade naquilo que é vazio e passageiro e numa alegria só disfarçada; com um mundo reduzido a lixeira, desintegrado pela incapacidade humana de conservá-lo e fazê-lo progredir conforme a ordem dada pelo Criador.
Devemos concluir que não existe vida humana digna nos porões deste mundo? Se fosse por nós mesmos responderíamos que não. Existe, porém, um homem que a Sagrada Escritura chegou a chamar de “Cordeiro de Deus”. “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” diz a liturgia da Comunhão. Por meio Dele é possível reconstruir aquilo que o orgulho humano destruiu.
Atenção, irmãos e irmãs! Somos convidados a termos olhos de águia para ver aquilo que olhos humanos, não podem, não sabem e não querem ver: o mundo está sendo verdadeiramente preparado como uma noiva enfeitada para o encontro com seu noivo.
Como são belos o novo homem e a nova mulher revestidos de graça e dignidade. Desejo fazer parte desta beleza e quero continuar lutando até que todos vivam dignamente na paz e na justiça como filhos do Deus que se fez filho do homem. A todos vocês, queridos irmãos e irmãs, desejo o mesmo!
(Parte do Discurso de Pe. Pedro Bacchiocchi, CP, Vigário Regional da Congregação Passionista, na Festa em Louvor a São Paulo da Cruz, Jequié-BA.)


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